Esses dias fiz um autoquestionamento: será que estratégia é tão importante assim? Não seria um pouco ilusório e irreal pensar em estratégia quando estamos tentando fechar as contas do negócio, sobreviver, vender mais, gastar menos, sermos mais produtivos? É como se o mundo estivesse acabando e o sujeito se vê meditando no futuro da humanidade e na razão de existir.

Se olharmos o momento atual do Brasil e do mundo, onde a incerteza é mandatária, será mesmo que a estratégia não deveria ser colocada numa gaveta à espera de águas mais calmas?

A Estratégia cumpre alguns papéis únicos que nada pode substituir:

Vocação e competências: a reflexão estratégica traz luz para nossas verdadeiras vocações e competências únicas que possuímos
Sentido e coerência: a estratégia traz foco e uma visão do modelo de atuação que utilizaremos para cumprir com nossas vocações
Eficiência e eficácia: quando temos direção, canalizamos nossas energias e recursos mais conscientemente e, portanto, evitamos desperdícios. Como disse Peter Drucker “Não há nada mais inútil que fazer com eficiência o que não era para ser feito”
Motivação e inspiração: a clareza de propósitos e direção traz convicção, conforto e segurança. Com essa tranquilidade conseguimos ser mais seguros, criativos e geniais em nos nossos ofícios. O mesmo vale para os negócios. Equipes que trabalham para um propósito e confiam na direção possuem convicção que suas energias e talentos estão sendo bem empregados e portanto se sentem úteis.

Tudo o que temos é o tempo. Na vida como nos negócios, despendemos muita energia, esforço e dinheiro em busca dos nossos objetivos. Precisamos portanto saber responder se estamos alocando “os ovos nas cestas corretas”. E a estratégia responde essa pergunta.

Estratégia é não apenas importante , ela é essencial para que pessoas e empresas identifiquem e realizem seus propósitos de vida. Trata-se do sentimento de realização e criação de valor econômico que cada um precisa ter. Trata-se de fazer as escolhas certas para isso.

Aproveito para colocar questões que ajudam a enxergar estrategicamente nossa vidas pessoais e nossos negócios:

• Qual nossa vocação única, propósito e missão?
• Quais minhas competências essenciais?
• Qual modelo ideal que favorecem minhas competências e vocações?
• Quanto que o modelo atual favorece minhas qualidades?
• O que tenho de único para oferecer ao mundo? Quais os valores, “produtos/serviços” que entrego com excelência? Qual minha proposição de valor a entregar para sociedade?

As perguntas acima ajudam como ponto de partida, mas é chave dedicar horas de reflexão profunda que tragam consciência e insights sobre nossas escolhas.

Estratégia serve para ajudar a enxergar o futuro a ser construído e nos retirar das armadilhas que caímos no dia a dia. A boa estratégia traz foco, é coerente com nosso DNA, é única, holística (enxerga além) e é profunda, integrada como uma malha de ideias entrelaçadas que formam uma rede de conceitos que fazem sentido.

A boa estratégia encontra o ponto de sinergia entre nós e o mundo externo, quando a vocação encontra a necessidade da sociedade. Ela ajuda a nos guiar para o caminho onde seremos nossa melhor versão, evitando que a gente desperdice tempo, energia e recursos no lugar errado.

Nas empresas e profissões, vale sempre refletir sobre o futuro pelo qual estamos travando nossas batalhas.
Reflexão traz convicção.