A produtividade em tempos de home office

A produtividade em tempos de home office

Em março de 2020 a Organização Mundial da Saúde declarou oficialmente que o mundo passava pela pandemia do novo coronavírus, o COVID -19. Desde então, observamos uma sequência de alterações em nosso cotidiano, com o fechamento faseado de escolas, lojas, shoppings, escritórios, e tantos outros comércios de produtos e serviços. A vida passou a funcionar quase que exclusivamente dentro das nossas casas. O mesmo território passou a abrigar trabalho, escola, lazer e descanso, em uma mudança que aconteceu de forma abrupta, involuntária e que exigiu forte adaptabilidade das pessoas.

Tal situação nos remeteu a um experimento social, onde fomos postos em uma inédita experiência de confinamento por mais de dois meses. Na Mobili, nos perguntávamos: Como estavam se saindo os profissionais diante da nova dinâmica de trabalho? Estariam conseguindo desempenhar bem suas funções? Como estes profissionais avaliam seu próprio rendimento diante das novas circunstâncias? Estas e outras questões foram abordadas nesta pesquisa PRODUTIVIDADE EM HOME OFFICE – COVID 19 realizada entre os dias 25 de maio e 11 de junho de 2020 com 80 profissionais de diferentes empresas e segmentos. O período escolhido foi oportuno, pois as pessoas já estavam trabalhando de casa há cerca de dois meses e tinham uma boa amostra de como estava fluindo sua produtividade. Vamos mostrar estes resultados a seguir.

Tema Central: Produtividade

A percepção sobre uma produtividade melhor, igual ou pior ao momento anterior ao da pandemia do novo coronavírus foi o tema central explorado na pesquisa. Abordamos os possíveis motivos que justificariam a percepção apontada. Além de sugestões de possíveis motivos, também deixamos opções em aberto para que cada participante pudesse se expressar.
Constatamos que a maioria deles (73%) aprova e consegue desempenhar bem seu trabalho em um sistema de Home Office, mas uma significativa parcela (27%) não conseguiu se adaptar e entregar os resultados esperados.

PODEMOS CLASSIFICAR OS RESULTADOS EM 03 GRUPOS DE DESEMPENHO:

Grupo 1

Um desempenho melhor ao período anterior da pandemia 40,7%

Para este grupo de pessoas a performance foi mais satisfatória e os principais motivos foram:

Não despender tempo no deslocamento. Ganha-se tempo para realizar outras atividades.
73,90%

Ganhei em qualidade de vida, consigo me alimentar melhor e não perco tempo com conversas paralelas.
60,90%

Mais controle sobre o tempo e mais qualidade de vida.
56,50%

Descobri um novo formato de trabalhar que me permite produzir mais do que estar no escritório.
34,80%

Grupo 2

Um desempenho igual ao período anterior da pandemia 32,2%

Para este grupo, o home office parece não ter afetado significativamente seu desempenho graças aos seguintes fatores:

Saber o que tem que ser feito e conseguir mostrar os resultados mesmo estando à distância.
73,70%

Possuírem um bom alinhamento com os colegas e chefias, com uma comunicação fluida, onde conseguem resolver os problemas mesmo à distância.
47,40%

Aspectos relacionados à organização formal do trabalho como uma boa definição de metas e objetivos, processos e tecnologias implementados pensando na eficiência e controle do trabalho.
36,90%

Grupo 3

Um desempenho pior ao período anterior da pandemia 27,1%

Para uma significativa parcela dos respondentes a produtividade piorou. Para estas pessoas, os 3 principais motivos da piora no desempenho foram:

Não gerenciar bem o tempo com todas as coisas acontecendo dentro de casa.
63%

Prefiro trabalhar lado a lado dos colegas, sem perder o “olho no olho”. Acho que a falta de contato com as pessoas prejudicou o trabalho.
37,50%

Não tenho fácil acesso às pessoas, o retorno é devagar e ruim. A resposta demora e torna o meu trabalho mais difícil.
25%

ALÉM DESTES MOTIVOS, TAMBÉM FORAM APONTADOS OUTROS COMO A FALTA DE PROCESSOS E RESPONSABILIDADES BEM DEFINIDAS.

HOME OFFICE SIM
76% das pessoas indicaram que desejam continuar com o Home office mesmo após o fim da pandemia. Além disso, uma terceira via foi apontada. Decidimos denominar esse modelo de sistema híbrido de trabalho, que busca unir o melhor dos dois modelos: escritório + home office. Este tema será explorado em nossos artigos mais à frente.

Conclusão

Nossa análise mostra que para o trabalho remoto funcionar é necessário considerar dois aspectos: organizacional e individual, onde um suporta o outro. No nível organizacional, podemos destacar o ponto da Cultura da empresa como elemento-chave para o sucesso do home office. No nível individual, a boa gestão do tempo e organização se apresentam como essenciais. As empresas onde a cultura era coesa e forte trouxeram um suporte positivo para que os profissionais conseguissem desempenhar bem ou até melhor o seu trabalho mesmo à distância. A cultura perpassou a barreira física e permeou o trabalho da organização mesmo em um ambiente de significativa mudança e distanciamento das pessoas.

A atitude padrão dos funcionários dessas empresas frente aos novos desafios foi de maior alinhamento e boas condutas alinhadas às crenças e valores da empresa. Porém quando analisamos os resultados dos profissionais que não estavam conseguindo performar em home office, encontramos profissionais imersos em ambientes difusos, agindo com pouco alinhamento e coordenação e com falhas de comunicação. Esse sintoma evidenciou empresas com pouca coesão e culturas corporativas menos consistentes. Boa parte dessas empresas entraram na crise do Covid-19 sem um trabalho prévio de construção de cultura. É comum notarmos empresas que cresceram nos seus mercados mas sem necessariamente se atentarem ao desenvolvimento de um cultura vivida e compartilhada por todos colaboradores.

Em suma

– Identificou-se requisitos mínimos para que o home office tivesse sucesso: boa gestão do tempo e uma cultura forte.
– A Cultura corporativa é fator crítico para o sucesso no home office.
– A gestão do tempo, no nível individual, foi crucial para a eficiência.
– Comunicação não fluida, enfraqueceu as empresas que já tinham uma cultura frágil e prejudicou o indivíduo na realização de seu trabalho.
– Boas ferramentas e tecnologias disponíveis não bastam. Para o trabalho em home office dar certo é preciso atitude individual, um modelo de cultura estabelecido e métricas eficientes aplicadas.

Recomendações

Algumas recomendações para que as empresas possam implementar um home office produtivo e eficiente:

– Apoiar seus funcionários para realizarem uma melhor gestão do tempo, dando autonomia e flexibilidade.
– Pensar em um modelo híbrido de trabalho, onde as pessoas possam compartilhar momentos em escritório e alguns dias trabalharem fora dele.
– Trabalhar uma cultura de agilidade.
– Trabalhar KPIs e metas claras.

MAIS DADOS DA PESQUISA

Data da coleta dos dados: de 25 de Maio a 11 de Junho de 2020.
80 profissionais participaram.

Dados de atuação dos profissionais

 

Setor de atuação

Pretensão de trabalho

Pretensão de trabalho

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