Um dos legados da evolução humana é o fato de estarmos constantemente escaneando sensações de perigo, especialmente relacionadas a grupos. É como se nosso cérebro nos levasse a perguntar: “Este lugar é seguro? Existem regras ocultas neste grupo que poderiam me colocar em risco? Estas pessoas se importam verdadeiramente comigo?”.
No ambiente empresarial, se a maior parte do time responder sim para todas estas perguntas, muito possivelmente, estaremos diante de um time de alto potencial. E não se trata fundamentalmente de habilidades técnicas: times podem ser compostos por profissionais cheios de estrelas e skills, e não terem uma boa performance coletiva, frequentemente porque estes profissionais não se sentem parte ou estão mais ocupados com sua sobrevivência dentro do grupo.
Isso traz para líderes o desafio de criar ambientes emocionalmente seguros, onde funcionários e parceiros sintam-se parte de algo maior – ao mesmo tempo, o desafio de manter coerência entre o que se fala e o que se faz.
Seres humanos são seres sociais. É um traço que marca a nossa espécie, desde sempre. A crise atual impõe desafios para o nosso modo de conviver, trabalhar e exercer nossa humanidade. No âmbito profissional, a oportunidade de fortalecer a cultura de trabalho está acontecendo agora, incitada pela crise. Além de nossa necessidade humana de conexão, há algo em jogo: o medo e tensão que o distanciamento físico está causando em nossa relação com o trabalho, mantendo-nos separados, ao mesmo tempo em que temos que corresponder às demandas e entregas esperadas. Como as organizações respondem à este desafio moldará sua cultura e impactará seus resultados – de forma planejada e não planejada.
Muitas empresas estão descobrindo que a crise já mudou, para sempre, a forma como operam. O desafio que estas organizações enfrentam neste momento está associado a como desenvolver times resilientes, que possam conduzir as mudanças que expandam sua capacidade de adaptação ao mundo incerto que vem pela frente, ao mesmo tempo em que mantêm a coesão com seus valores, fortalecendo com este processo a cultura da empresa. Definir, promover e proteger a cultura é prioridade em um momento em que, mais do que nunca, o grupo precisa sentir-se unido ao redor de ideias e princípios, que funcionem como pontos de conexão e sirvam como pontes entre o que acreditam e o que estão de fato construindo enquanto time.
O momento é de aceleração de futuro, conectado a uma profunda transformação humana. Gestores que mostrem empatia ao liderar com humanidade estarão construindo relações de longo prazo, de pertencimento, e que certamente terão como consequência a criação de times altamente criativos e resilientes, prontos para lidar com as novas incertezas que virão pela frente e prontos para levar a organização adiante.